sexta-feira, 27 de julho de 2012

Mar

Inquieto e desconcertado
revolto e encrespado
de ondas pungentes
que morrem suavemente
e suavemente
na areia deixam versos perolados
de sentimentos inacabados
Ó mar! O que procuras?
A saudade?
Saudade é tempestade
é ansia sofrida
de dores não esquecidas.
Na imensidão desse aquário que é o mar
procura a bonança
porque quem procura sempre alcança,
e suavemente, suavemente
entende que a força do mar
que és tu
é a força que lhe queres dar

MariaJB

segunda-feira, 16 de julho de 2012

A selvagem esperança



Verdi


Éramos deuses e fizeram-nos escravos.
Éramos filhos do sol e consolaram-nos com medalhas de lata.
Éramos poetas e puseram-nos a recitar uma esmolinha por amor
De Deus.
Éramos felizes e civilizaram-nos.
Quem refrescará a memória da tribo.
Quem fará reviver os nossos deuses.
Que a selvagem esperança seja sempre tua,
querida alma indomável.

Gonzalo Arango

sábado, 14 de julho de 2012

Destino

Quem me dera poder
rasgar as asas do vento
sentar-me na nuvem branca
que passa no momento
e ao infinito gritar, gritar
que raio de destino é este
que me faz sonhar?
Só posso rir e chorar
Vejo o sol que brilha
e a lua que dança
na espera contida
da maldita esperança.
Que loucura! Cai na real
o mundo não pára
o vento sopra
a nuvem desliza
o sol brilha
e a lua não dança,
Tem quatro fases.

O meu primeiro poema.

MariaJB

quarta-feira, 11 de julho de 2012

Vae Victis

Triste, eu, do teu querer desmerecida
Por quanta e tanta, tanta mísera dor,
A minha num mistério de candor
De espinhos e rosas incandescidas

Escorre na minha alma sangue e ardor
De vermelho em chaga e as feridas
Furiosas são estrelas esplêndidas,
Puras, virginais cicatrizes de amor

Catedrais de luz e mágoas suspensas
Esplendorosas que a saudade adensa.
O meu frágil corpo grita desejo e vida

À face incerta de um novo sentimento,
Que me leve no riso um luminoso vento
Assim triste…mas não vencida.

MariaJB

Poema inspirado na quinta carta de Mariana Alcoforado

domingo, 8 de julho de 2012

Quisera ser...

Quisera ser a esfinge do deserto
Guardiã das areias eternas
De tempos, sonhos e quimeras
Das fantasias onde desperto

Num espaço além universo
De noites brancas e gloriosas
Onde as sombras são rosas
E as tristezas são versos

Na minha alma gravados
De mistérios e segredos…
Ah! Tão estranha sorte

Esta…ser só o horizonte
misterioso e distante
Linha frágil de vida e morte

MariaJB

quinta-feira, 5 de julho de 2012

Inês ou a Solidão

Na tempestade de um tempo maldito 
Extingue-se o sol, o calor, o coração aflito 
Ouve-se o uivo do chacal, o uivo da fera
No vazio idêntico da solidão que se apodera

Do espírito e da alma como um punhal
Fere o seio, o peito, o colo de graça fatal
Silencia na cova comida até ao pó,
Até à inerte substância de criatura só,

O choro e o riso do poder grandioso
Do despudor de um amor poderoso
A sete palmos da terra… são rainhas sim!

Dos imensos invernos, da imensa miséria
De estrelas, de sóis, de luas de quem sorria
Pelo crime de tanto…tanto amar assim…

MariaJB

quarta-feira, 4 de julho de 2012

....

Um anjo resplandeceu nas ruínas
Com um gesto que anima a frieza das estátuas
E os homens como crianças
Choraram verde, choraram esperança

MariaJB

segunda-feira, 2 de julho de 2012

A palavra exacta

Nunca gostei de física e matemática
de fórmulas e leis das ciências exactas
que até Deus fazem chorar.
Confesso que nunca as compreendi
talvez se deva a pouca inteligência,
sempre preferi o erotismo dos números,
os momentos de gala nos traços de Dali,
o gorjeio do tigre em noites de festim,
ou os miados dos pássaros ao luar,
e a palavra,
sempre preferi a palavra, simples assim,
e hoje pergunto com que inocência
se a palavra também mata?
Talvez o vento que hasteia o coração
Me ofereça a palavra exacta
aquela que significa perdão.

MariaJB