sábado, 25 de fevereiro de 2012

Agradecimento

A todos os seguidores deste blog um agradecimento muito especial pela forma generosa que aceitaram sê-lo. São poucos mas todos excelentes. Termina aqui esta minha aventura pelo mundo da blogosfera mas continuarei a seguir os vossos blogues com o mesmo interesse e entusiasmo. Embora todos sejam igualmente importantes, não posso deixar de referir pessoalmente o Marcus, por ter sido o primeiro seguidor, um grande abraço deste lado do oceano. MariaJB

Último "Alma de Mariana"

Cansei-me de tristezas e melancolias,
De barcos, de fragatas e fados de solidão,
Cansei-me de cartas, versos e poesias
De retratos, dos silêncios de inquietação

De enigmas, mistérios, teoremas e Pitágoras,
Do sangue, das feridas, da colecção de pus,
Da amargura, do desespero e das mágoas,
Cansei-me dos deuses, do diabo e da cruz,

Cansei-me…

Cansei-me de por ti querer morrer um dia,
 Das estrelas, da lua, do mar, do ardor,                                              
Da espera, da maldita espera, aleluia,

Deus!  Se resplandece ao amanhecer
o sol, a luz e a flor, Faz-me só um favor,
Dá alma à minha alma, não a deixes morrer!


MariaJB

quinta-feira, 23 de fevereiro de 2012

Tristeza, porquê?


Si  tu as une tristesse
il faudra te dire, pourquoi?
l’ étoile,
tout ce qu’elle voit
c’est la beauté des moments
tout ce qu’elle  porte
c’est  le soleil dans son coeur,
et  l’oiseau,
la beauté des mots
toutes les coleures...
Ils portent toute l’amour
parce qu’ils  s'aimeront toujours.
Comme deux passionnés
Ils dénoncent la fête,
le parfum, les fleurs viollette.
Ils ont dit
la tristesse est triste
et si tu as la tristesse
 j’ai la tristesse aussi.


Se tens tristeza
é necessário perguntar-te, porquê?
a estrela,
Tudo o que ela vê
é a beleza dos momentos
tudo o que ela leva
é o sol no coração
e o pássaro
a beleza das palavras
todas as cores…
Eles levam  todo o amor
porque eles amar-se-ão sempre.
Como dois apaixonados
Eles denunciam a festa
o perfume, as flores violeta.
Eles dizem
a tristeza é triste
e se tu tens tristeza
eu tenho tristeza também.
MariaJB

Desculpem se o francês não estiver correcto.

sábado, 18 de fevereiro de 2012

...

 
  


Tomado de volúpia e sedução
Hades sem cuidados tamanhos
Num golpe de insídia e traição
Rapta koré ao mundo estranho

De ninfas, narcisos e cor
Tem medo e está vencida, koré
Saboreia a maçã do amor
Com lágrimas de sangue e fé

Ah Perséfone!  E não apeles
Pelo teu mundo seguro e materno
Se sentes o beijo, se sentes a pele

O cheiro e a carne do teu amante
Se mais vale a paixão do inferno
Que o amor do paraíso distante

MariaJB


sexta-feira, 17 de fevereiro de 2012

Uma flor no peito "Alma de Mariana"

 
Vaso de Flores
Guignard



Não existe pedra mais dura que o silêncio
nem gelo mais frio que a indiferença
nem touro mais forte que a dor da alma
decepada, amorosamente agónica,
como um pássaro aflito reinventa a palavra,
reinventa o grito.

Entre um e outro tempo, uma balança
tenho uma flor presa no peito e nada mais.
Posso agora dizer que não te conheço.

MariaJB


quinta-feira, 16 de fevereiro de 2012

Praia



Conway Castle
William Turner
(pintor do mar)


Na praia
envolvo o meu olhar
deslumbrada
encantada
pelos tons do mar
nos azuis me perco
aos verdes me entrego
nos cinzentos desperto
pela força da onda
que me lambe o corpo
que avança e recua
e me deixa nua
de tudo, de nada
e na areia deitada
adormeço neste abraço
neste espaço
onde com esplendor
o mar e a terra
fazem amor

MariaJB

quarta-feira, 15 de fevereiro de 2012

Azul

Tudo o que quero
é pôr o mundo do avesso
de cores inventadas
em rápidas pinceladas
numa euforia exctasyada
estabeleço
quero os campos brancos
e as árvores turquesa
de imensa beleza
o mar laranja
de força e pujança
quero o sol vermelho
ou encarnado
a arder em fogo forjado
e as nuvens verdes
pode ser verde lima
num movimento que anima
os meus olhos
que seguem e perseguem
até ao pico da montanha,
que quero lilás
e na mística do amanhecer
une-se ao azul do céu.
O céu continua azul
simplesmente porque gosto de azul.

MariaJB

terça-feira, 14 de fevereiro de 2012

Não há heróis nem santos

Não há heróis nem santos na nudez da rua perturbadora,
 na exaltação do mar, nas marés turvas e perigosas,
nas chamas carnívoras de Vesúvio. Sim Pompeia!
Não há heróis nem santos na paródia do diabo,
na embriaguez da ceia. (Na de Cristo, talvez.)
Não há heróis nem santos na loucura da casinha cor de rosa,
na multidão de fome e miséria, nas pedras palestinas,
no grito, no choro, na lamentação extática da poesia maldita,
na acidez do silêncio, nas negras tardes de eclipse.

E ainda não falei de ti… pode ser amor….

Não há heróis nem santos na tragédia de um homem só, tristemente só…
na imaginação aguda e febril nas palmas do apocalipse, nos pés de Kim Phuc,
na floresta obscura, nas árvores amarelas e sedentas de pássaros perdidos, azuis,
na teia urdida com dedos de sangue nos livros esquecidos, tombados,
nas almas fatalmente destruídas.
Não há heróis nem santos em traços de rosto na tela de Goya,
na imbecilidade a dois palmos abaixo do cérebro, na ânsia de elevar ao infinito halos de glória.
Não, não há heróis nem santos nos sonhos quentes e cálidos, no meu desejo e na minha paixão . Ámen!
Há uma mulher e o diabo também…

E não fiz mais senão sonhar e dizer-te de todas as formas que te queria…
(num outro poema, talvez)
E quando a ideia da minha existência se tornar insuportável
talvez eu desça ao inferno de suicídio
e volte a nascer numa flor, numa ave, num cão, num novo ser.

MariaJB

terça-feira, 7 de fevereiro de 2012

Ode à Alegria

Oh amigos, mudemos de tom!
Entoemos algo mais prazeroso
E mais alegre!

Alegre, formosa centelha divina,
Filha do Elíseo,
Ébrios de fogo entramos
Em teu santuário celeste!
Tua magia volta a unir
O que o costume rigorosamente dividiu.
Todos os homens se irmanam
Ali onde teu doce vôo se detém.

Quem já conseguiu o maior tesouro
De ser o amigo de um amigo,
Quem já conquistou uma mulher amável
Rejubile-se connosco!
Sim, mesmo se alguém conquistar apenas uma alma,
Uma única em todo o mundo.
Mas aquele que falhou nisso
Que fique chorando sozinho!
Alegria bebem todos os seres
No seio da Natureza:
Todos os bons, todos os maus,
Seguem seu rastro de rosas.
Ela nos deu beijos e vinho e
Um amigo leal até a morte;
Deu força para a vida aos mais humildes
E ao querubim que se ergue diante de Deus!
Alegremente, como seus sóis corram
Através do esplêndido espaço celeste
Se expressem, irmãos, em seus caminhos,
Alegremente como o herói diante da vitória.

Alegre, formosa centelha divina,
Filha do Elíseo,
Ébrios de fogo entramos
Em teu santuário celeste!
Abracem-se milhões!
Enviem este beijo para todo o mundo!
Irmãos, além do céu estrelado
Mora um Pai Amado.
Milhões se deprimem diante Dele?
Mundo, você percebe seu Criador?
Procure-o mais acima do céu estrelado!
Sobre as estrelas onde Ele mora.
Schiller

segunda-feira, 6 de fevereiro de 2012

A Palavra

Já não quero dicionários
consultados em vão.
Quero só a palavra
que nunca estará neles
nem se pode inventar.

Que resumiria o mundo
e o substituiria.
Mais sol do que o sol,
dentro da qual vivêssemos
todos em comunhão,
mudos,
saboreando-a.

Carlos Drummond de Andrade

A arte de comunicar

Ontem aprendi que Aristóteles considerava que toda a acção humana é um bem, e “aprendi” também que comunicar é um bem, seja pela palavra, pelos gestos ou atitudes. Escrevo aprendi entre aspas porque naturalmente todos sabemos que comunicar é um bem o que nem sempre sabemos é como usar esse bem, e a espontaneidade e facilidade com que o fazemos pode trair a nossa verdadeira intenção. Por vezes esquecemo-nos que as palavras são poderosas, que a consequência do que é dito pode ter resultados inesperados e desconcertantes, pela interpretação errada, pela  dificuldade que temos em descodificar e perceber aonde nos leva um diálogo, aonde nos leva a comunicação. Sempre que comunico apelo à sensibilidade e à assertividade mas acontece que nem sempre consigo, nem sempre consigo expressar da melhor forma a verdade e a sinceridade do meu gesto. Entristece-me, porque gosto de pessoas, porque gosto de comunicar, porque me enriquece comunicar, mas a verdade é que nem sempre consigo usar as palavras certas. Porque será? Talvez porque me falte a arte ou porque sou humana!
.
"O facto de sermos não sei quantos milhões de pessoas e, não obstante, a comunicação, a comunicação completa, ser totalmente impossível entre duas pessoas parece-me uma das coisas mais trágicas do mundo."
 Georges Simenon

domingo, 5 de fevereiro de 2012

Lua


Elevas-te nas trevas e renova-se o espanto
A tua dança, o teu silêncio, o teu mistério
Ao sol não mentem que é maior o teu encanto
Glorioso e branco, gáudio do poeta ébrio

Em amoroso pranto de infortúnio e doçura,
Inocentes e imortais terrores, (em lágrimas o devores                                                  
Em noites de luar na devassa e danada loucura!),
Acorda os cemitérios, os mortos e as flores
                                                 
Os sentimentos, os de amor,  canta-os
A todas as Giuliettas, a todos os amores
Num gozo ímpar em serenatas ao luar, e aos

Céus apela em ardoroso fervor que, nas fases tuas,
Senhora caprichosa, senhora bela, ignores
E nunca lhe reveles o teu lado negro ,ó Lua.     


MariaJB

sábado, 4 de fevereiro de 2012

Trabalho de Sísifo

Ao ouvir Lobo Antunes , grande mestre da literatura portuguesa e mundial, confessar de uma forma tão honesta e humilde que “escrever é muito, muito difícil” aumentou ainda mais a minha admiração e profundo respeito por quem realmente sabe escrever, por quem nos faz pensar que escrever é muito, muito fácil. As palavras ganham vida própria, têm voz, têm tom, chegam-nos à alma. Esse é um trabalho que não é para todos porque para os que não sabem escrever, escrever também é difícil, muito difícil, mas por mais que se esforcem dificilmente tocam a alma de quem lê, e este sim, é um autêntico trabalho de Sísifo. MariaJB

sexta-feira, 3 de fevereiro de 2012

Amo-te "Alma de Mariana"

Amo-te
desde menina
desde o tempo dos malmequeres
flor de outrora, traiçoeira,
de Afrodite mensageira
mal-me-quer, bem-me-quer…
mal-me-quer, bem-me-quer…

amo-te
desde o tempo dos dias puros
dos príncipes e das princesas
sem castelos nem fortalezas
desde o tempo da irreverência
dos cavalos de alvas crinas
em bailados de inocência

amo-te
desde o tempo da alegria
da festa, da fantasia
desde o tempo da ousadia
do bem-querer que mais queria

amo-te desde este tempo
que me  condena, que me mata
que me extravaza de sentimento
provavelmente amo-te
desde o tempo em que nasci
porque amei-te…
até
no tempo em que te esqueci.

MariaJB

quarta-feira, 1 de fevereiro de 2012

Je te recherche "Alma de Mariana"

Je te recherce
Dans les choses simples
Dans les petites gestes
De sensibilité.
Dans le silence des mots que tu n’ecris pas
Je te recherche
Dans les yeaux des enfants
Que se rient de mon destin.
Je te recherche dans le bateau qui passe
Au réveille des matins de Printemps
Des années que ne sont pas revenus.
Je te recherche partout de notre temps
Où m’avais dit je t’aime
Dans la delicatesse de l’abeille que baise la fleur
délicat...
délicat...
la poésie du verbe baiser
et
Quand je me sens seule
Je pleure
Je pleure tristesse
Je pleure melancolie
La melancolie de brune
Perdue dans la nuit qui m’ambrasse
En rêves fragiles de tendresse
Alors je sens l'enfer de la solitude
mais
l’enfer et seulement un territoire du ciel
des flammes magnifiques de folie
c’est un plaisir
c’est une malade...
Je ris de mes autres amours
Minuscules
Vraiment
Je recherche l’amour.

MariaJB

Escrevi este poema inspirada na música "L'adieu" de Garou embora o tema seja diferente.   Não domino na perfeição o francês mas apeteceu-me escrever, por isso desculpem qualquer erro. Para quem também não domine bem o francês deixo o poema em português.

Procuro-te
Nas coisas simples
Nos pequenos gestos de sensibilidade,
No silêncio das palavras que não escreves
Procuro-te
Nos olhos das crianças
Que se riem do meu destino,
Procuro-te no no barco que passa
Ao amanhecer das manhãs de Primavera
Dos anos que não voltam,
Procuro-te em todos os lugares
Do nosso tempo
Onde me dizias, amo-te
Na delicadeza da abelha que beija a flor
Delicada…
Delicada…
A poesia do verbo beijar
E
Quando me sinto só
Choro
Choro tristeza
Choro melancolia
A melancolia do entardecer
Perdida na noite que me abraça
Em sonhos frágeis de ternura,
Então sinto o inferno da solidão
Mas
O inferno é somente um território do Céu
De chamas magníficas  de loucura
É um prazer
É uma doença…
Rio dos meus outros amores
Minúsculos.
Verdadeiramente
Procuro o amor.