terça-feira, 13 de dezembro de 2011

Tristeza - "Alma de Mariana"

Tristeza
Será que consegues imaginar
o que sente o canário
que da gaiola
não se consegue libertar?
e o que sente o missionário
na tragédia de Deus ausente?
e o que sente a árvore
quando perde a folhagem?
e o que sente o sem-abrigo
pela indiferença, sempre presente?
e o que sente o cavalo selvagem
quando é domado?
e o que sente uma criança
quando o sonho lhe é roubado?
e o guerreiro pela morte
do companheiro?
e quando o girassol
chora
não há sol, não há nada
solitário
flor pintada
em tela de Vicente
trinados de rouxinol
timidamente ao anoitecer
embalam o amor
adormecido
aos pés do teu coração deitado
subtilmente
E agora
será que podes imaginar
o que o coração sente
por um amor
que não lhe pertence?

MariaJB

1 comentário:

  1. Sobre Eliot, é um poeta sem rival na sua época. Não foi à toa que se tornou inspiração e mentor de James Joyce. Me acompanha desde a adolescência e não há um dia sequer, que não pense em sua poesia. Ao lado de Proust, foi a experiência intelectual mais intensa que tive.
    Senti em você a poesia que liberta, que enobrece e rompe os grilhões dos clichês. Não esqueça que Eliot amargou o mais radical sofrimento. Não somos assim.
    Como um vulcão, do seu comentário, foram jorrando lavras de palavras que mantinham a lógica da prosa e a subjetividade fantastica da poesia. Escrever é um exercício, às vezes aumenta nossa tristeza. Outras, são o alento e a ternura que elevam nossa humanidade às alturas. Um abraço caloroso.

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