As duas em silêncio estudavam-se com calma
De fora para dentro do corpo para a alma
O eco só decifrável na vulnerabilidade de Si Mesma
Sem Graça, os gestos suspensos na cisma
De Ela Própria que a vida pode ser um ápice
Como doce o vinho que enche o cálice
O olhar vagamente perdido no labirinto
De sonhos atrofiados e amarelos e famintos…
Uma lágrima despenhou-se miseravelmente
Estéril e os dedos tremiam trágicos e de repente
Os da mão esquerda tocaram o fruto mágico a provocar
A fraqueza …(quem a inventou? Deus ou o calcanhar?)
Não! Por favor! Gritou-lhe Si Mesma Sem Graça
Se o colheres sangrarás e não há quem te refaça!
E Ela Própria respondeu: sangro eu colha ou não
E é mais triste não provar o sabor da tentação
Quero-o desde o tempo dos seis dias Imortais
À sombra da árvore canalha e os anjos aos ais
E Si Mesma Sem Graça olhou Ela Própria mortal
Enfrentarás primeiro a espada depois o punhal!
Ela Própria insistiu: só quero provar e nada mais
O fruto é singular como os homens e os animais
Como o desejo, a paixão e as rosas fantásticas
Ou as estrelas incendiadas de chamas apoteóticas
E Si Mesma Sem Graça disse num fio de voz celestial:
Enfrentarás primeiro a espada depois o punhal
E assim ferida morrerás imprecisa como o rumor!
Não! No fruto colhido há um gesto de amor!
Respondeu Ela Própria a Si Mesma Sem Graça,
Duas asas de anjo na borboleta que me abraça
Um sopro de espírito de suave delicadeza
Ó Criador! Dir-lhe-ás Tu se nuclear é beleza?
E a Si Mesma Sem Graça Ela Própria respondeu:
Desenha uma estrela e saberás como aconteceu
A ela humana a original inocência perdida
Saberás que a paixão, o amor e a paixão é a vida!
Enfrentarei primeiro a espada e depois o punhal?
Pode até ser! Mas tu não sabes que o prazer divinal
Do sabor, do cheiro, da pele, é coisa de mulher!
Não sabes que para nasceres eu tive que morrer!
E nasço… da ferida da espada e do punhal
E aos Céus cantarei a litania de êxtase total
Que me fira a espada e depois o punhal…
Que me fira a espada e depois o punhal…
MariaJB
Excelente.
ResponderEliminarGosto das divagações do teu "eu" poético.
Um beijo, minha querida amiga.