quarta-feira, 4 de janeiro de 2012

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Terra sem Nome

Sou Terra
sou Terra sem nome
sou Terra de ninguém
sou Terra de mim
sem fronteiras, sem limites
sou montanha, sou planície
sou Terra de sonhos
sou Terra de jasmim
sou revolução, sou convicção
Sou? sou Terra!
a Terra da fantasia
porque a Terra de ninguém
sempre pertence a alguém

Recentemente ao reler este meu poema lembrei-me de Bouazizi, e do que senti quando vi as imagens que correram mundo, deste jovem tunisino que faleceu no hospital a 04 de Janeiro de 2011 vítima de graves queimaduras da imolação a que se sujeitou a 17 de Dezembro de 2010 num acto de protesto extremado pelo desespero e humilhação, provocado pela indiferença e prepotência do regime ditatorial de Ben Ali.
A Montanha não pariu um rato!

Reescrevi o poema e dedico-o a Bouazizi.

A Bouazizi

Sonhavas que os pesos eram letras e as hortaliças sonhos
porque eras um homem rico, tinhas uma balança,
tinhas família, tinhas fome e tinhas demasia
na algibeira, uns trocos de esperança desdenhavam a injustiça
e o polvo medonho levando nos tentáculos a alegria.
Eu sei.
E a montanha estremeceu, na ditadura obstetra nasceu um Homem só,
um Homem de pé, um Homem do povo, um Exército de fé, sem fronteiras, sem limites.
Caiu o teu muro de Berlim, o teu medo, já não era teu, era de Ali.
Em terra de ti, em terra de jasmim nasceste Primavera, nasceste revolução.
Numa planicie devorada de vermelho, o teu peito, a convicção,
fogo e sangue, o grito primitivo e imolado.
Eu vi, eu chorei.

MariaJB

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