Emudecem os pássaros
à luz quieta do entardecer,
no silêncio a estremecer
despertam olhos bárbaros
endurecidos e dourados,
espectros de uma outra esfera,
bebem sangue, água e terra
comem a carne esfaimados.
No vácuo profundo da boca
erguem-se objectos semelhantes,
punhais, facas e dentes
que trucidam na ânsia louca
corpos quentes e vacilantes.
Foge, ágil e frágil gazela,
na savana ergue uma capela,
reza pelos ossos inocentes
pela nostalgia do poeta
pelos corcéis feridos, chora
pelos verdes que amaras
pela melancolia de Greta
garbosa estrela distante,
um pouco ao sul do sol.
Na selva, de súbito, a escol,
todos os distintos te
veneram, vulgam doçura
com beijos de sangue,
selva nocturna exangue.
Com garras de candura
gatos, tigres e leões,
aos deuses impotentes,
(uns e outros iguais a toda a gente)
em cínicas orações,
rezam que o dia se
faça noite de repente,
que te trucide novamente
ao entardecer que fenece
no vagar da paisagem…
MariaJB
Boa madrugada,
ResponderEliminarAmei a cadência, a rima quando se fez necessária e não apenas porque sabe rimar e, sobretudo, a mistura de violência e ternura. Há uma constante sensação de terror, da ausência de esperança, mas a poesia não é sobre desesperança. É, como vejo, sobre o pavor que vem do exterior e de como se protege pela beleza.
Obrigada Marcus
ResponderEliminarGostei muito da sua interpretação, nem sei se eu própria a faria assim.
MariaJB