quinta-feira, 19 de janeiro de 2012

Boas Novas

No sono profundo
de doce encanto,
surgiu a Maria um Arcanjo,
leal mensageiro,
Boas Novas trazia:
Salve, Maria!
Conceberás,
 por obra e graça
do Espírito Santo,
o Filho Divino,
o Filho da Esperança.
Atónita, Maria responde:
Conceber, sem me perder?
Sou mulher, quero ter prazer!
É este o meu destino?
Não és mulher, és Maria
Virgem Santa
perfeita
de pura beleza
foste a eleita!
Serás mãe da Humanidade,
Congratula-te, sem vaidade!
Com o olhar de tristeza
que lhe ficou para a posteridade,
Maria pensou
Que enormidade!

MariaJB

 Hoje comprei um livro de poesia de Helder Macedo "Poemas Novos e Velhos" e li este seu poema:

Anunciação

Espada dúctil de fogo
negro sol latejando vertical
ave branca explodida no meu ventre

é sem partilha
o amor que me anuncias
nem é humana
ou tua
a sombra que cresceu sobre o meu corpo
e por mim se alongou
e me alongou num fundo mar
sem esperança
pois não há esperança no mistério revelado
e o que a carne concebe
é já divino
porque sem comando.


Quando leio poemas deste gabarito fico maravilhada.  O poema "Boas Novas" já escrevi há algum tempo, ainda nem tinha definido muito bem o título. Escolhi-o hoje inspirada no poema de Helder Macedo, o que eu gostaria realmente de ter escrito. É com profundo respeito que me atrevo a publicar o meu "poema" junto ao deste senhor, Helder Macedo, para quem não conhece, é um vulto na cultura portuguesa, um homem, que depois do que li, esconde uma alma enorme e profunda debaixo de um aspecto muito sóbrio e intelectual. "Apaixonei-me" por ele durante um programa televisivo "Grandes Portugueses" (aquele que ganhou Salazar!) apresentado pela jornalista Maria Elisa. No entanto, devo confessar, que não conhecia a sua obra poética e é maravilhosa.  Comprem, vale mesmo a pena.

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