sábado, 7 de janeiro de 2012

Tempo imperfeito "Alma de Mariana"

Escrevo-te palavras e palavras, umas atrás das outras, compulsivamente, cartas, rimas, qualquer coisa parecida com poesia porque o amor é uma máquina de fazer poemas, enquanto uma estrela ri despudoradamente deste tempo imperfeito, ilusório, em que projecto na fantasia noites quentes, claras e despertas, fábula nocturna de um triângulo amoroso, eu, tu e a paixão. E fumo, o fumo das velas que fuma as ideias e gera perguntas idiotas. Será que pega fogo? Chovia! Noite perturbadora , íntima e fria, um corpo, e outro corpo estremecia. A mente quieta contemplava a lua, um sol branco, grávida de silêncio futuro, de palavras ausentes. Porquê? Este é o último tempo dos mil anos que hão-de vir. A substância do vento traz-me a voz e a sombra da árvore a silhueta do teu rosto incontornável . Um sorriso à flor do coração, feérico, gravado a ferro e fogo. São rosas, Senhor! São punhais, amor! Tão suaves a ferir… Mênades embriagadas à volta da fogueira sagrada bebem sangue e vinho e a minha alma pulsa vertiginosamente na queda no abismo em metros de solidão. . Retorno aos quotidianos esféricos, ao tempo do nada, dos lagos glaciares asfixiados em neves níveas, sem pianos, sem pássaros, sem asas. Um há-de ter uma fenda, uma boca de fera esfomeada por novas Primaveras, por novos mares amar,  Thalassa de pérolas e prata.

MariaJB

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